AEP: "Esperamos da CGD que seja profissional mas diferente do resto da banca no apoio às empresas"

por Rui Sá, João Fernando Ramos

A CGD deveria ajudar as empresas emprestando sobre os créditos que quem exporta não consegue neste momento cobrar em mercados como o Brasileiro, o angolano ou o moçambicano.
A ideia é avançada pelo presidente da Associação Empresarial de Portugal. Paulo Nunes de Almeida diz que a Caixa tem que estar no mercado fazendo diferente.

Os novos gestores da Caixa Geral de Depósitos vão deixar de ter estatuto de gestores públicos. O banco passa a ser gerido como uma instituição privada.

Primeira consequência: Os vencimentos deixam de estar indexados ao que cada um ganhava antes. Esta é a opção que literalmente todos tomam para não estarem limitados pela tabela pública de vencimentos.

Este é o primeiro passo para garantir que a injeção de capital público na Caixa segue as regras de mercado e não configura uma ajuda de Estado proibida por Bruxelas.

Mário Centeno não se compromete com um valor. Avança que tudo estará dependente do plano estratégico de negócios, onde a presença da caixa fora do país pode vir a ser redefinida.

Há apenas uma exigência do acionista - Que o banco se comporte mais como um banco de fomento à atividade económica dentro de fronteiras.

EMPRESÁRIOS EXIGEM APOIOS À EXPORTAÇÃO

Os empresários estão preocupados. Exigem uma maior aposta no apoio às exportações.

Sessenta tiveram esta semana um encontro à porta fechada com o primeiro-ministro. Entre eles Paulo Nunes de Almeida, o presidente da AEP.

"Os fundos para o apoio às empresas exportadoras no Portugal 2020 têm que ser reforçados", diz o responsável pela maior associação empresarial do país.

Os empresários Lembraram a António Costa que a capacidade do mercado interno é limitada pela sua própria dimensão. As alternativas para verdadeiramente crescer: internacionalizar e exportar.

As exportações estão a cair em valor. Em Abril foram 2,5% face ao mesmo mês do ano passado.

"Não há ainda alarme, mas estamos preocupados e é o tempo certo para intervir", diz Paulo Nunes de Almeida que reconhece que setores tradicionais como os têxteis e vestuário, a cortiça, as madeiras e mobiliário ou o calçado, "continuam a crescer em alguns casos acima da média do ano passado".

Apesar de um desempenho positivo da maioria dos setores produtores de bens transacionáveis os números do Instituto Nacional de Estatística são claro. As exportações portuguesas estão globalmente a crescer a um ritmo mais lento.

O Presidente da República lembra que não há milagres numa conjuntura internacional de forte retração no comércio.

PORQUE ESTÃO A CAIR AS EXPORTAÇÕES

O INE, que esta quinta feira divulgou os números, junta a esta outra explicação - O preço dos combustíveis voltou a cair no mercado internacional.

Para que se tenha ideia as exportações de gasóleo e gasolina valem quase 8% do que vendemos ao exterior... É a terceira maior exportação portuguesa.

A segunda também está em queda. São veículos. Aqui o problema deve mudar nos próximos meses. A Autoeuropa descontinuou um dos modelos que fabricava. Vai passar a produzir um pequeno SUV para a Volkswagen, o segmento em maior crescimento em todo o mundo.

Boas perspetivas para as estatísticas, mas o presidente da AEP lembra que não é aqui que se decidirá o futuro do tecido empresarial português onde as PME's representam mais de 99% do número total de empresas, e são responsáveis por quase dois terços do PIB nacional.
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