Presidente da República recorda fadista Mísia "com saudade"

por Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou hoje "com saudade" a fadista Mísia, que morreu no sábado, lembrando-a como "uma infatigável amiga dos poetas" e "uma cantora intensa, reconhecida e amada além-fronteiras".

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa refere que a fadista Mísia morreu "depois de um longo combate com a doença".

"Desde que veio viver para Portugal, vinda de Espanha, e se estreou em disco, em 1991, que Mísia era sinónimo de `pura vida`, para citar um título seu. Uma intérprete de fado no cruzamento com outras músicas, uma infatigável amiga dos poetas, uma entusiasta da colaboração, uma cantora intensa, reconhecida e amada além-fronteiras", lê-se na nota.

O chefe de Estado português acrescenta que "a paixão, o lamento e a vontade dos seus discos, dos seus espetáculos e da sua vida" não serão esquecidos.

A fadista Mísia, que foi considerada uma inovadora do género musical, morreu no sábado aos 69 anos em Lisboa, disse à Lusa o escritor Richard Zimmler, que era seu amigo.

Susana Maria Alfonso de Aguiar nasceu no Porto e protagonizou uma carreira de cerca de 34 anos, durante a qual atuou nos mais variados palcos do mundo e recebeu diferentes prémios, entre eles, o galardão francês Charles Cross pelo seu álbum "Garra dos Sentidos", no qual gravou poemas de Natália Correia, Mário Cláudio, Lídia Jorge, José Saramago, Lobo Antunes, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, e António Botto.

Mísia editou o seu primeiro álbum, homónimo, em 1991.

O álbum "Pura Vida - Banda Sonora" valeu-lhe, em 2019, o Phonographic Critics Award, prémio da crítica discográfica alemã.

Em 2022, Mísia editou o álbum "Animal Sentimental", parte de um projeto tríptico sobre trinta anos de carreira, que inclui um livro, com o mesmo título, saído no verão desse ano, e estreou um novo espetáculo.

Tiago Torres da Silva, Fernando Pessoa, Mário Cláudio, Natália Correia, Vasco Graça Moura e Lídia Jorge foram os autores escolhidos por Mísia para "Animal Sentimental".

No livro, autobiográfico, a fadista conta episódios inéditos da sua carreira, recuando às memórias de infância e da adolescência, os tempos do colégio interno, gerido por freiras, no Porto, a avó catalã e a mãe, bailarina de flamenco, uma biografia, que como disse à Lusa, a partir de 1991, começou a ser fixado nos discos".

Nessa obra, a cantora narrou a sua luta contra o cancro, que lhe foi diagnosticado três vezes.

Além da estreia com "Mísia" (1991), gravou registos como "Garras dos sentidos" (1998), "Canto" (2003) e "Ruas" (2009).

Em 2004 foi condecorada com a Ordem das Artes e das Letras de França e no ano seguinte foi distinguida com a Ordem de Mérito da República Portuguesa.

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