Cidade do Vaticano, 13 fev (Lusa) -- O patriarca de Lisboa disse hoje no Vaticano que seria "importante" uma maior valorização da língua portuguesa nos trabalhos das grandes reuniões de cardeais e da Santa Sé.
"Seria bem importante, porque o português tem uma expressão grande na vida da Igreja", salientou aos jornalistas Manuel Clemente, à saída de um encontro de trabalho que reuniu 164 cardeais e futuros cardeais com o Papa Francisco.
Após realçar que "ainda não se fala português como língua oficial" nestes encontros e noutros similares, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa sublinhou que a língua permite uma aproximação entre os vários cardeais lusófonos, que vão passar a ser 13 a partir de domingo, sete dos quais com direito a voto num eventual conclave.
Manuel Clemente confessa que a língua materna "ajuda muito" nos encontros entre prelados de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, os países de língua portuguesa com representação no novo Colégio Cardinalício da Igreja Católica.
"Quando falamos em português há muitas coisas que vêm ao de cima e que têm a ver com o nosso património comum", acrescentou o patriarca de Lisboa, que vai ser criado cardeal este sábado pelo Papa Francisco.
Em relação aos dois dias de trabalho sobre a reforma dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, o futuro cardeal-patriarca falou num caminho de "simplificação", que visa "evitar duplicações" e "conjugar trabalhos".
Manuel Clemente admitiu que a prevista centralização dos setores da família e do laicado católico, para além das instituições mais ligadas "ao social, à caridade", possa dar um maior protagonismo a católicos que não são membros do clero ou religiosos, incluindo mulheres.
"É natural que o seu papel seja reforçado, leigos ou leigas, como aliás já funciona nalguns serviços da Cúria Romana", precisou, alertando que há "muito caminho para andar" até à conclusão da renovação destes organismos.
Em relação ao consistório deste sábado, o patriarca confessou que é um dia "muito importante" e apresentou-se como um "aprendiz do ofício" de cardeal, uma "grande responsabilidade", por exigir um trabalho mais próximo do Papa.