Nicolau Breyner quis ser cantor mas acabou por preferir os palcos. Como ator, realizador e produtor de produtos televisivos marcou várias gerações de portugueses. Com "Senhor Feliz e Senhor contente" alcançou fama nacional e lançou Herman José. Foi igualmente um dos 'pais' da primeira novela portuguesa, "Vila Faia," da RTP e nunca mais deixou de estar ligado ao género. Fez ainda cinema e teatro. Enquanto ator foi distinguido com três Globos de Ouro. Unanimemente é considerado o "ator mais brilhante da sua geração," como descreveu Herman José.
Nascido em Serpa, no seio de uma família de proprietários agrícolas, Nicolau Breyner acabou por se mudar para Lisboa com os pais, onde estudou canto e participou no coro da Juventude Musical Portuguesa, enquanto estudava no Liceu Camões.
Estreou-se como ator pela mão de Ribeirinho, na peça Leonor Telles, de Marcelino Mesquita, levada à cena pelo Teatro Nacional Popular. Acabou por enveredar pelo teatro cómico, junto de Laura Alves.
O seu primeiro programa televisivo, Nicolau no País das Maravilhas, teve tremendo êxito junto do público, sobretudo pela rábula "Senhor feliz e Senhor contente", protagonizada pelo próprio Nicolau e por um jovem ator, então desconhecido, Herman José.
O próprio recordou-o hoje na Antena 1, lamentando a morte de alguém que "tinha ainda muito para ensinar."
Já na emissão televisiva, Herman José descreveu Nicolau Breyner como "o ator mais brilhante da sua geração".
O programa catapultou ambos para a fama. Breyner afirmou-se depois como diretor de atores e co-autor do guião de Vila Faia, a primeira novela portuguesa, onde também integrou um dos principais papéis (1982), o pugilista João Gudunha.
Relembre aqui a música do genérico de Vila Faia
Uma ligação que o ator e realizador nunca mais largou, fundando depois a sua própria produtora de televisão, a NBP Produções, hoje Plural Entertainment.
Nela, Nicolau Breyner foi administrador, realizador e produtor, afirmando-se como percursor sobretudo na área da ficção televisiva portuguesa.
Estava atualmente a participar nas gravações da telenovela da TVI A Impostora.
O Presidente da República, Marcelo rebelo de Sousa, reagiu com tristeza à notícia da morte do actor que recordou como "grande artista e grande amigo."
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou por sua vez a sua "enorme consternação" com a notícia da morte de Nicolau Breyner, considerando que o país perdeu "um dos seus melhores criadores".
O primeiro-ministro, António Costa, destacou o "vazio imenso" deixado por Nicolau Breyner.
Já o ministro da Cultura, João Soares, referiu que Nicolau Breyner era um "homem descomprometido a quem a notoriedade e a celebridade não subiu à cabeça," recomendando aos jovens, "muitos lançados por ele," que seguissem o seu exemplo.
Santana Lopes, atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, recordou a "amizade gentil" do actor mas lembrou que Nicolau Breyner "não gostaria que ficássemos a contemplar o lado triste da sua partida".
Ator, realizador, produtor
A carreira variada de Nicolau Breyner ficou também marcada pelas sitcoms que concebeu, Eu Show Nico e Euronico.
Como ator participou em muitas outras produções televisivas (Gente Fina é Outra Coisa, Nico D'Obra, Reformado e Mal Pago, Santos da Casa, Aqui não Há Quem Viva) e em diversas séries (O Espelho dos Acácios, Verão Quente, Conde D'Abranhos, A Ferreirinha, João Semana, Quando os Lobos Uivam, Pedro e Inês, Equador, Morangos com Açúcar, Barcelona, Cidade Neutral, Família Açoreana).
Nas novelas, um dos seus géneros preferidos, participou em Fúria de Viver, Vingança, Flor do Mar, Meu Amor, Louco Amor, Jardins Proibidos e O Beijo do Escorpião.
Numa carreira de mais de cinco décadas, Nicolau Breyner trabalhou com cineastas como Augusto Fraga, Perdigão Queiroga, Henrique Campos, José Ernesto de Souza, Herlander Peyroteo, Artur Semedo, Luís Galvão Teles, Fernando Lopes, Jorge Paixão da Costa, António Pedro Vasconcelos, Roberto Faenza, Joaquim Leitão, Leonel Vieira, Mário Barroso, João Botelho e Bille August.
António Pedro de Vasconcelos descreve-o como "um ator único e insubstituível."
Simone de Oliveira foi amiga de Nicolau Breyner por mais de 50 anos e lamenta profundamente a sua morte.
A atriz Ana Bola considerou Nicolau Breyner como o "último artista consensual em Portugal."
O ator Rui de Carvalho emocionou-se ao recordar na Antena1 o amigo de longa data.
Vítor de Sousa elogiou um "grande amigo" e "companheiro."
Uma das participações mais recentes de Nicolau Breyner foi no filme Comboio Noturno Para Lisboa, adaptação do livro homónimo de Pascal Mercier, estreado em 2013.
Nicolau Breyner recebeu três Globos de Ouro para Melhor Ator, com Kiss Me (2004), O Milagre Segundo Salomé (2004) e Os Imortais (2003).
Veja aqui a última Grande Entrevista de Nicolau Breyner na RTP.