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Filme sobre obra singular de Amadeo de Souza Cardoso revela colagem inédita

por Lusa

Lisboa, 13 abr (Lusa) - Um documentário sobre a vida do artista Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), que teve hoje antestreia, em Lisboa, revela uma colagem inédita do artista e a forma singular como explorou a cor nas suas obras.

"Amadeo de Souza Cardoso: O último segredo da arte moderna", realizado por Christophe Fonseca, resultado de uma coprodução internacional, foi hoje visto por cerca de 1.200 pessoas no grande auditório da Fundação Calouste Gulbenkian.

A vida do artista, precocemente desaparecido, com apenas 30 anos, é o centro deste filme que também inclui o resultado de pesquisas científicas e algumas descobertas recentes, como fotografias e uma pequena colagem mostrada por Helena de Freitas, consultora científica deste documentário.

Na casa de família de Amadeo de Souza Cardoso, em Manhufe, concelho de Amarante, onde o seu quarto permaneceu inalterado desde a morte, Helena de Freitas mostra a colagem a Laurent Salomé, diretor científico do Grand Palais, em Paris, onde, no dia 20, é inaugurada uma grande exposição dedicada ao artista português.

"É uma colagem que poderia ser uma obra pop", comenta o especialista segurando a peça, indicadora do trabalho experimental e revolucionário que o artista produziu no início do século XX.

A vida de Amadeo começou em Amarante e passou depois por Lisboa, Paris, Nova Iorque e Chicago, destacando-se pelo diálogo que o artista estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século passado, tendo convivido com artistas como Modigliani, Brancusi, ou o casal Sonia e Robert Delaunay.

Mas nem todas as obras tiveram a mesma sorte de centenas que foram guardadas pela família ou pela mulher, Lucie Pecetto, porque algumas foram queimadas, revela a própria família, no filme, sobre os desenhos de nus, "que, na época, eram considerados um escândalo".

O documentário relata os esforços de Amadeo para promover a sua obra, com contactos na Europa e nos Estados Unidos, produzindo um portfolio que impressionou os críticos da época, mas cuja carreira haveria de ser interrompida pela gripe pneumónica, que lhe causou a morte.

No filme são também reveladas peritagens realizadas no Departamento de Conservação e Restauro da Universidade Nova de Lisboa, onde, através de vários processos técnicos, mostraram que Amadeo utilizou pigmentos artificiais que tinham sido inventados no início do século e explorou as cores aprofundadamente para usar um "efeito vibrante" nos seus quadros.

Através de exames de raios-X e ao microscópio realizados pelos especialistas, foi possível determinar, por exemplo, que o artista pintava habitualmente diretamente nas telas sem traços prévios desenhados.

As filmagens passaram por Lisboa, Amarante e Porto, e continuaram depois em Paris, Nova Iorque, Washington, Chicago e Berlim, num projeto financiado pela rede France Télévisions, pelo organismo público francês Réunion des Musées Nationaux et du Grand Palais des Champs-Élysées, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Este documentário reúne contributos de mais de uma dezena de curadores, historiadores de arte e investigadores, entre os quais Catarina Alfaro, Maria João Melo, Raquel Henriques da Silva, Ana Vasconcelos, Laurette McCarthy, Laurent Salomé, e também da família do artista.

O realizador Christophe Fonseca, fundador da Imagina Produções, criou mais de quatro dezenas de documentários e grandes reportagens, tendo obtido vários prémios e distinções em França, onde reside.

O documentário, que também conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, da Caixa Geral de Depósitos, da Fidelidade e do Município e Museu Amadeo de Souza-Cardoso de Amarante, será exibido na RTP, a 20 de abril, e no Canal France5, no dia 08 de maio.

Posteriormente, será exibido nos canais da France Télévisions, cuja rede internacional fará chegar a obra a mais de 180 países.

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