A escritora turca Asli Erdogan, detida desde 19 de agosto e que pode ser condenada a prisão perpétua pelo regime de Ancara, encontra-se com "problemas de saúde", disse hoje à Lusa o seu agente internacional.
"O que nós sabemos hoje é que ela está a enfrentar problemas de saúde e que se encontra numa cela com outras mulheres", declarou à Lusa o francês Pierre Astier, o agente da escritora turca que está presa na cadeia de Bakirkoy, em Istambul.
Asli Erogan, escritora e colunista, 49 anos, nascida em Istambul, formada em engenharia informática, é autora de "Miraculous Mandarin" e "Crust Man", entre outros livros, tendo trabalhado no Brasil durante um longo período.
Asli foi detida no passado dia 19 de agosto sob a acusação de ter defendido, através de artigos publicados em jornais, posições próximas do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, arriscando-se por isso a ser condenada a prisão perpétua.
"O processo judicial na Turquia ainda não teve lugar e nem sequer sabemos quando vai decorrer. O que sabemos é que ela está presa e que a Procuradoria pediu para que ela fosse condenada a prisão perpétua - apesar de o julgamento ainda nem sequer ter começado-", indicou Pierre Astier que, a partir de Paris, está a tentar lançar uma campanha mundial no sentido da libertação da escritora.
"Para ajudar Asli Erdogan, é preciso alertar o mundo e sobretudo que os profissionais ligados ao livro - os editores, os escritores, os jornalistas, os tradutores e os agentes - falem dela e do que se está a passar na Turquia, até porque há outros escritores presos, além de tradutores, editores e jornalistas", acrescentou o agente literário, mostrando-se indignado com a supressão de direitos humanos naquele país.
"É preciso alertar os políticos europeus sobre o que está a acontecer às portas da Europa. É uma situação inacreditável e que não acontecia há muito tempo", alertou.
No passado dia 03 de novembro, numa mensagem que conseguiu enviar da cadeia de Bakirkoy, Asli Erdogan denunciou a detenção de 130 jornalistas turcos e apelou aos dirigentes europeus que se oponham à situação que a Turquia enfrenta no que diz respeitos aos direitos humanos e às medidas de supressão da liberdade de expressão.
"A situação é drástica, horrível e extremamente preocupante. Eu acredito que o regime totalitário da Turquia vai, a qualquer momento, afetar toda a Europa (...) Nós precisamos de todo o apoio e solidariedade" , escreveu Asli Erdogan no princípio do mês de novembro.
Em Portugal, a primeira tradução de um livro da escritora turca ("Le Bâtiment de Pierre", na edição francesa) vai ser publicado no início do próximo ano pela editora Clube do Autor.
