É uma guerra em várias frentes e contra vários inimigos ao mesmo tempo. A Amazon é acusada de práticas de cartel na Alemanha, em França, nos Estados Unidos. Editoras de todo o mundo queixam-se de “chantagem” e de ambições monopolistas da Amazon, com efeitos destrutivos para a indústria.
Segundo o teor da queixa, várias editoras do grupo Bonnier, algumas delas com larga tradição no panorama livreira alemão (Ullstein, Piper, Carlsen), têm sofrido fortes pressões da Amazon para baixarem substancialmente os preços dos seus livros eletrónicos.
Outras editoras têm vindo a ser pressionadas para entregarem os seus títulos à Amazon com descontos muitos superiores aos habituais 30 por cento: 40, 50 por cento. Quando não aceitam fazê-lo, esses títulos começam a aparecer aos leitores interessados com a indicação "Não disponível", ou então a ser distribuídos com prazos de entrega muito longos e potencialmente dissuasores da compra.
Segundo o director da associação alemã do ramo, Alexander Skipis, "o procedimento negocial da Amazon não tem apenas consequências sobre as editoras em causa, mas representa também um perigo para todos os fornecedores e vendedores de e-books na Alemanha". E acrescentou que "pedimos à Autoridade Federal da Concorrência que leve a cabo as suas investigações e refreie as práticas da Amazon".
Guerra nos EUA contra a Warner e a HachetteNos Estados Unidos, a metodologia da Amazon incendiou os ânimos de vários operadores do mercado do livro e do filme. A Warner Brothers queixou-se de ter sofrido o boicote da Amazon à distribuição de filmes como “The Lego Movie,” “300: Rise of an Empire”, “Winter’s Tale” e “Transcendence”.
E a editora francesa Hachette, rica de pergaminhos e tradições, queixou-se, segundo o New York Times, de sofrer pressões que vão desde as demoras na entrega até à recusa pura e simples de distribuir os seus livros.
Em todo o caso, a Hachette não se encolheu neste braço de ferro, não cedeu à Amazon as margens que esta reclamava, e avançou mesmo, no terreno do adversário, para a provável compra de uma editora norte-americana, Perseus, que aumentará o seu grau de internacionalização e a sua capacidade para resistir às pressões da Amazon, apesar de tudo um potentado no ramo que não perderá a sua primazia devido a este movimento de concentração promovido pela Hachette.
Mais do que a concentração de capitais para fazer face à Amazon, o que é visto como potencialmente perigoso para esta é o próprio instrumento de luta escolhido: segundo comentário inserto no New York Times, ao recusar-se a distribuir livros ou filmes procurados pelo público, a Amazon está a dizer a esse público que procure tais produtos noutros lado. É a própria Amazon a minar as suas pretensões monopolistas ao nível da distribuição.