É possível ter ambição e pensar em grande escala - Daniel Prata Almeida

por Lusa

Lisboa, 09 nov (Lusa) -- Daniel Prata Almeida, um dos poucos portugueses que trabalha na empresa sueca Spotify, espera que a Web Summit coloque Lisboa no mapa das `startups` e que demonstre a futuros empresários que é possível pensar em grande escala.

A viver em Estocolmo há quatro anos, desde que ingressou na empresa internacional de serviço de música, Daniel Prata Almeida está por estes dias em Lisboa para assistir pela primeira vez a uma edição da Web Summit, e logo na cidade onde nasceu.

"Acho que é bom, para por Lisboa no mapa no que toca a `startups`[empresa de base tecnológica em início de atividade]. É bom que os jovens portugueses percebam que criar uma empresa, um Facebook, um Google, não é assim tão inatingível como muita gente pensa", disse em entrevista à agência Lusa.

Aos 31 anos, músico e formado em engenharia no Instituto Superior Técnico, Daniel Prata Almeida trabalha em sistemas informáticos no Spotify, uma das maiores empresas de serviço de escuta de música online (`streaming`), que há uma década começou por ser também uma `startup` e hoje tem mais de 75 milhões de utilizadores em todo o mundo.

"A minha missão é fazer com que a música nunca pare de tocar. Garantir que o serviço esteja sempre disponível e que a música toque sempre", resumiu, a propósito do trabalho que o fez emigrar para a Suécia.

Daniel Prata Almeida saiu do país em 2012, praticamente acompanhando a vaga de emigração por causa da austeridade em Portugal, mas no caso dele foi uma questão de aproveitar uma oportunidade - uma entrevista - e cumprir uma ambição.

"Eu tinha um emprego. Trabalhava no Instituto Superior Técnico e tinha um bom emprego, mas sempre ambicionei algo mais e gostava de saber como é que funcionava uma empresa grande, uma `startup`", contou.

Em Estocolmo diz trabalhar rodeado de "mentes brilhantes", numa "cultura fora de série", que sabe equilibrar a relação entre trabalho e vida privada e na qual é desafiado a ser melhor. Na empresa há "recursos ilimitados, acesso a tudo o que for preciso para conseguir um objetivo".

"Essa liberdade dá-te uma força que faz com que te excedas (...) Não fui para lá nem por motivação económica, mas pelo desafio em si e percebi que podia ter impacto e aprender imenso. No fundo fui fazer outro curso", contou.

Os serviços de `streaming de música de empresas como o Spotify, Apple Music e SoundCloud -- pagos ou de acesso gratuito - permitem ao utilizador ouvir milhares de músicas sem precisar de fazer o descarregamento de ficheiros e surgiram como resposta à pirataria e ao `download` ilegal, que ensombraram o mercado discográfico internacional.

"Posso dizer factores de diferenciação, mas são os utilizadores que comandam [a escolha de um serviço de `streaming`]. Quando se constrói um produto é bastante importante perceber o que os utilizadores querem. E quando consegues perceber o que é que o `costumer` quer, consegues modelar o produto à medida. O Spotify consegue fazer isso: perceber como é que as pessoas consomem música e fazer o melhor produto", disse Daniel Prata Almeida.

Em Lisboa, sem uma agenda específica de trabalho, só espera que a Web Summit traga frutos para os empresários e empreendedores portugueses. "É muito bom para Lisboa. Portugal tem condições fantásticas".

A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira e decorre até quinta-feira, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.

Entre os oradores estão fundadores e presidentes executivos das maiores empresas de tecnologia, bem como importantes personalidades das áreas de desporto, moda e música.

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