A primeira edição da bienal de arte contemporânea de Coimbra anozero, que arranca no dia 31 com a presença de mais de 40 artistas nacionais e estrangeiros, ambiciona uma profissionalização da estrutura para garantir futuras edições.
A bienal é um "desafio provocador" à cidade de Coimbra, que viu a inscrição da Alta, Sofia e Universidade como património mundial, e que procura dialogar com esse mesmo património, evitando que a cidade fique confortável com a classificação, explicou o diretor do evento, Carlos Antunes, que falava durante a conferência de apresentação do evento, que decorreu hoje à tarde.
Carlos Antunes sublinhou o facto de todas as entidades envolvidas "estarem do mesmo lado da solução" e considerou que os artistas presentes refletem as melhores práticas da arte contemporânea.
Entre 31 de outubro e 29 de novembro estarão presentes obras de artistas nacionais como Julião Sarmento, Francisco Tropa, António Olaio e Rui Chafes, e nomes internacionais como os americanos Matt Mullican e Lawrence Weiner e a brasileira Adriana Varejão.
Para o diretor da bienal, é fundamental que se profissionalize a equipa da bienal, de forma a garantir "as futuras edições" e criando condições para que as pessoas que estiveram envolvidas no projeto continuem o seu trabalho.
Segundo Carlos Antunes, esta primeira edição foi feita com "um voluntarismo absoluto", apelidando a materialização do evento como "um milagre".
"É um desafio que assumimos", referiu o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, salientando a vontade de fazer da bienal "uma marca de Coimbra".
O autarca, presente na conferência de imprensa, destacou que o evento "é um impulso para coisas novas e criadoras" na cidade.
De acordo com o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, o anozero é "um diálogo entre o passado e o futuro", entre "o velho e o novo", que vai percorrer espaços da própria universidade - uma instituição que se "conseguiu manter pela capacidade de se adaptar e de se reinventar".
A bienal de arte contemporânea anozero junta nomes consagrados e jovens artistas que, em mais de 20 exposições, vão dialogar com o edificado de Coimbra, na zona classificada como património mundial e não só.
O evento vai ter obras e exposições em lugares tão distintos como o café Santa Cruz, o Jardim Botânico, o Museu da Ciência, o Museu Nacional Machado de Castro, o Colégio da Graça ou a Biblioteca Joanina.
Na Sala da Cidade, o escultor Pedro Cabrita Reis desconstruiu a estrutura temporária de exposições que estava naquele antigo refeitório de frades; na Sala do Exame Privado da Universidade de Coimbra o angolano Binelde Hyrcan apresenta uma parábola sobre as condições socioeconómicas do seu país; e Lawrence Weiner relaciona-se com um poema do francês Mallarmé na Biblioteca Geral.
Apesar de a maior parte das exposições estarem apenas em exibição até ao fim da bienal, 29 de novembro, há obras que ficam na cidade.
A obra, intitulada "Museu", de Francisco Tropa, com dimensões de cerca de três por seis metros, vai ser instalada junto ao Estádio Universitário, e vai ter um diretor, um conservador e um curador.
O evento conta com um bilhete único de 15 euros.
A bienal é organizada pelo Círculo de Artes Plásticos de Coimbra, em conjunto com a Universidade de Coimbra e a Câmara Municipal de Coimbra.