O músico português Miguel Serdoura, radicado em Paris, actua quinta-feira na igreja do Carmo, ilha da Taipa, Macau, num recital a solo de alaúde.
Em declarações à agência Lusa, Serdoura assinalou estar em Macau a convite do Instituto Português do Oriente e que a sua actuação se integra nas comemorações locais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O músico, que em 1995 concluiu os estudos gerais no Conservatório de Música de Lisboa com especialização em guitarra clássica, rumou depois a Paris, onde durante os quatro anos seguintes completou o curso de música antiga no Conservatório Superior da capital francesa.
Seguiu depois para Basileia, Suíça, onde estudou alaúde, na escola de música antiga da cidade, com o norte-americano Hopkinson Smith, um dos maiores alaudistas da actualidade, especializado nos repertórios da Idade Média, Renascimento e Barroco.
Depois de cinco anos na Suíça, Miguel Serdoura decidiu "regressar" a Paris, onde actualmente dá aulas e trabalha na Sociedade Francesa do Alaúde.
"Vou ocupando o meu tempo com as aulas, com a Sociedade e com os concertos um pouco por toda a Europa, inclusivamente Portugal", explicou à Lusa.
A deslocação à Ásia surgiu a convite da Alliance Française, que promoveu em Chengdu, República Popular da China, o segundo "Croisements" (Cruzamentos), um conjunto de mais de uma centena de espectáculos com artistas franceses e chineses.
"Para eles eu sou francês", diz, sorrindo. Dentro de alguns meses, Serdoura estará em condições de solicitar a dupla nacionalidade.
Em Chengdu, juntou o seu alaúde às pipas e ao Ruan de artistas chineses e tocou "para 1.200 pessoas", um acontecimento que garante "ser muito raro" em terras europeias ou americanas.
O alaúde e as pipas têm exactamente a mesma origem - o alaúde persa- , explicou o músico, indicando estar a terminar de escrever um livro sobre o alaúde, a publicar ainda este ano em França e em 2008 nos Estados Unidos.
"Será uma espécie de enciclopédia sobre o alaúde onde se explica a forma de tocar, origens, e grandes nomes que tocaram este instrumento", precisou.
Ausente de Portugal desde 1995, Miguel Serdoura quer fazer da música do alaúde a sua vida e não pensa regressar à Lisboa natal.
"A Portugal vou de férias e fazer alguns, poucos, recitais", assinalou o músico.
Na sua opinião, Portugal "não tem ambição para aproveitar os talentos nas artes ou outras profissões que vão surgindo e que acabam por sair para o estrangeiro por não terem espaço no seu próprio país".
"Eu, em Portugal, consigo fazer dois ou três recitais num ano, enquanto que, estando em França, tenho cerca de 25 convites anuais para actuar em toda a Europa", exemplificou, para justificar o facto de não poder viver em Portugal com a profissão que tem.
Nos planos de Miguel Serdoura está também o primeiro disco a solo de alaúde, que deverá sair em Outubro em França e ser "distribuído" nas casas da especialidade.
Para o Oriente, o músico português tem já convites para regressar a Chengdu em 2008, desta vez para "dar aulas durante uma semana no Conservatório local e realizar um recital de alaúde".