O antigo presidente do BES e do Novo Banco defende que a opção de nacionalizar a instituição bancária Novo Banco deve ser considerada. Vítor Bento foi o convidado desta semana do programa Conversa Capital, conduzido por Rosário Lira, da Antena 1, e Francisco Ferreira da Silva, do Diário Económico.
Para o economista, dentro em breve o Governo vai ter de decidir se quer que a consolidação bancária seja feita a partir de fora, o que significa ser um agente passivo e ter uma banca dominada a partir do estrangeiro, ou ter uma atitude proativa e gerar uma consolidação interna.
A opção é política. E a optar-se pelo segundo caminho, como não há capital privado, o Estado, segundo Vitor Bento, terá de ter um papel neste processo.
Neste cenário de consolidação o economista vê "o Novo Banco como parte do património publico".
Governo vs Banco de Portugal
Considerando que, para avançar para um processo desta dimensão o Estado está constrangido financeiramente e tem de seguir as regras europeias, Vitor Bento sugere que o Governo jogue o joker em Bruxelas, porque o processo de definição da banca constitui uma ação determinante para o futuro do país.
Vitor Bento considera penosa a confrontação do Governo com o Banco de Portugal na praça pública.
Para o economista, o Banco de Portugal é um pilar importante de funcionamento e deve ser preservado na sua capacidade institucional.
Já quanto à atuação do governador do Banco de Portugal, Vitor Bento prefere não se pronunciar diretamente, lembrando apenas que a instituição está fragilizada e que, para essa situação, contribuiu o facto de, além da supervisão, o Banco de Portugal ter sido convertido em autoridade de resolução, sendo que as resoluções "têm sempre uma componente política".
Aliás, segundo Vitor Bento, atualmente presidente do Conselho de Administração da SIBS, a banca está vulnerável e o Orçamento do Estado trata-a como um sector altamente lucrativo, que não é.
Orçamento complexo
De resto, o economista considera que este Orçamento do Estado será difícil de executar e necessitará de medidas adicionais para evitar derrapagens.
Por outro lado, "o nível de austeridade é tendencialmente o mesmo que seria com outra alternativa, a composição é que é diferente".
Vitor Bento lembra ainda que os investidores estrangeiros estão parados à espera de perceber os sinais que o Governo e a coligação possam dar e, diagnostica, a coligação à esquerda evidencia sinais de inconsistência.
Acredita mesmo que a inconsistência vai derivar em tensões que a certa altura já não poderão ser sustidas, colocando em causa a sustentabilidade da aliança firmada por António Costa.