Nova descoberta abre porta à cura para o Alzheimer

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Mais de uma década após a última aprovação de um medicamento para o tratamento do Alzheimer, um novo fármaco pode vir a ser aprovado. O comprimido produzido pela farmacêutica Merck evita a produção da proteína tóxica beta-amilóide que, quando aglomerada em placas no cérebro, desencadeia a doença neuro-degenerativa.

A teoria mais comum sobre o Alzheimer sustenta que a acumulação destas proteínas mata os nerónios saudáveis e leva à perda de memória, declínio cognitivo e mudanças de personalidade - algo que pode ser evitado pelo novo comprimido.

Resta agora saber se, no ensaio clínico cujos resultados serão apresentados no próximo ano, a medicação revela diminuir o ritmo do declínio mental, uma vez que apenas assim poderá ser aprovada.

Não se sabe, no entanto, quando poderá chegar ao mercado. Matt Kennedy, líder da investigação da Merck, revelou ao diário britânico The Guardian que ainda “é cedo para especular sobre a disponibilidade” do fármaco.

O farmacêutico afirmou que, atualmente, “as opções terapêuticas para pessoas que sofrem da doença de Alzheimer são muito limitadas, e aquelas que existem apenas fornecem uma melhoria a curto prazo dos sintomas cognitivos”. Kennedy frisou ainda a urgente necessidade de um tratamento eficaz, uma vez que os atuais “não atacam diretamente a doença”.
Primeira farmacêutica a chegar tão longe

Durante o primeiro ensaio clínico, o medicamento chamado verubecestat foi administrado durante sete dias a 32 pacientes em fase inicial de Alzheimer. Este tempo não foi o suficiente para que os resultados fossem visíveis em ressonâncias magnéticas.

No entanto, após a recolha do fluido que circula em torno do cérebro, constatou-se que o medicamento conseguiu bloquear a enzima do cérebro BACE1, que estimula a produção de duas moléculas que em conjunto formam beta-amilóides.

Até agora, os efeitos secundários são reduzidos e a Merck vai ser a primeira farmacêutica a testar o medicamento numa escala tão alargada. O próximo ensaio clínico vai contar com 1.500 pacientes com Alzheimer em estado moderado, e no seguinte vão participar 2.000 doentes em fase inicial.

John Hardy, neurocientista da University College London, foi o primeiro a propor que as beta-amilóides desempenham um papel central na doença de Alzheimer e elogiou os resultados da farmacêutica. “Esta é uma boa medicação e tenho a certeza que a Merck se está a sentir satisfeita”, afirmou.
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