Guimarães, Braga, 10 mar (Lusa) - A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmou hoje que a pedreira Nicolau Macedo, em Guimarães, responsável por uma descarga poluente para o rio Ave registada na quarta-feira, tem "um passivo longo de incumprimento ambiental".
Em comunicado enviado à agência Lusa, a APA acrescenta que a administração da empresa "ficou obrigada a apresentar nos próximos dias um relatório mais detalhado" sobre aquela descarga, "que contemple medidas preventivas adicionais de modo a evitar que episódios como o de ontem [quarta-feira] voltem a ocorrer".
A APA recorda que aquela pedreira já viu a sua atividade suspensa em setembro de 2015, no seguimento de uma vistoria conjunta com a Direção Geral de Energia e Geologia, entidade licenciadora da atividade.
Nessa vistoria, "foi confirmada a necessidade de se implementar medidas adicionais para a resolução dos problemas relacionados com a drenagem de águas pluviais".
A Câmara de Guimarães denunciou, na quarta-feira, uma "descarga ilegal" no rio Ave, detetada durante a manhã nas imediações da captação do Bioso, na freguesia de Gondomar.
Hoje, em comunicado enviado à Lusa, administração da pedreira Nicolau Macedo explicou que a descarga se ficou a dever ao "rebentamento inesperado de um tubo no sistema de tratamento de águas e lavagens de areias".
"A laboração foi imediatamente suspensa e foram acionados todos os meios técnicos adequados para a reparação da avaria, que ficou solucionada pelas 11:30, tendo sido reposta a normalidade", garantiu a empresa no referido comunicado.
Segundo o mesmo texto, a APA "foi prontamente" notificada do "incidente" e a avaria foi "solucionada de forma rápida" sendo os "procedimentos legais todos cumpridos".
A empresa refere ainda que tem sido visitada pelas entidades competentes e "reconhecida como um exemplo" pelo investimento efetuado na melhoria das instalações, "nomeadamente nos sistemas de combate à poluição".
Já hoje, o presidente da Câmara de Guimarães defendeu que empresas que sejam reincidentes naquele tipo de atentados ambientais devem ser impedidas de laborar.
"A meu ver, se [a empresa] não se corrige deverá ser em definitivo encerrada", defendeu Domingos Bragança.
Na edição de hoje, o Jornal de Notícias estabelece uma ligação entre o dono daquela pedreira e a detentora da concessão do Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave (SISAVE), a TRATAVE, afirmando que o dono da pedreira tem participação nesta última, através de outras entidades.
Segundo aquele diário, o dono da pedreira visada, Gaspar Borges, tem responsabilidades na ABB, que adquiriu a Aquapor, empresa privada, em 2008, e que por sua vez é acionista maioritária da TRATAVE, detentora da concessão do SIAVE.